sexta-feira, 5 de setembro de 2014

Só não vale se apaixonar

Postado por Julia Salomão às 14:08 0 comentários


Costumava gostar do amor. Gostava de me apaixonar. Gostava daquele sentimento que me dominava, das borboletas no estômago. Daquela sensação de que tudo é lindo e daquele riso bobo ao acaso. Deixava a porta aberta pro amor entrar. 

Amei sim, amei bastante. Coração despedaçado algumas vezes.
Mas aí o tempo passou e tive que me preocupar em crescer. Sair da adolescência e virar adulta. Ou tentar. E aí o amor ficou um pouco de lado. Fiquei sem muita paciência pra ele. Sem contar as crises de baixa auto-estima que me assombravam (e assombram) de vez em quando: "ninguém nunca vai me amar de verdade","nunca vou ter um namorado".
Até me acostumei a ser solteira. A ser independente. Ficou até divertido.
O fato é que, hoje em dia, não vou muito com a cara do amor. Não sei se pelo tempo que passou, por todas as vezes que tive que juntar os pedaços e recomeçar (por causa do amor), ou por todos esses anos de solteirice. Sei lá, talvez ser romântico saiu de moda, talvez eu não tenha mais aquela vontade de procurar o "Sr Ideal" e me apaixonar
Muito pelo contrário. Fujo do amor. 
Quando percebo que o coração começa a bater mais forte, junto com o sorriso bobo ao acaso e a vontade de olhar no celular toda hora, opa, sinal vermelho! 
Hora de ocupar a cabeça com outras coisas.
Isso não significa que eu não me emocione com aquele filme água com açúcar, ou que até mesmo não sonhe acordada imaginando cenas românticas na minha cabeça.
Mas eu me conheço. Sei como sou quando estou apaixonada. Sei que não sei amar pela metade. Sei que me entrego por inteiro. Sei que, como dizia Maysa, não sei amar sem me apaixonar. Não sei amar com calma.
Só sei amar com paixão, com tesão, com loucura. Meu amor é avassalador.
Sou preocupada, ansiosa, ligo pra perguntar se ele está bem, sou carinhosa, faço de tudo pra ficar mais bonita, ouço mil vezes aquela música que lembra ele, me esforço para agradar os amigos dele, até assisto aquele jogo chato na TV por causa dele.
E assim como no jogo, no amor quanto mais se arrisca, maior será a perda se ela vier.
E o tempo me fez ser cautelosa, me fez ter medo. Medo da perda. 
Morro de medo de perder. Morro de medo de sofrer. Morro de medo de ele me fazer 
sofrer. De ele esquecer aquela data especial, de ele se apaixonar por outra, de 
ele falar pra mim que o amor acabou. 
E aí como é que eu fico? Aí meu mundo vai desabar, vou chorar por dias até ficar com dor de cabeça, não vou ter vontade de sair, nem de comer, só vou ouvir música de fossa, vou achar que ele era o cara, que nunca mais vou ser feliz de novo. Vou achar que o amor não existe e nunca mais querer me apaixonar. 
Portanto, pra que causar todo esse furacão desnecessário? Pra que o amor? Pra que amar?  
Achei melhor simplesmente evitar o amor. Fechei a porta pra ele não entrar. Quando ele passar, mudo de calçada.
Quando as cenas românticas vierem na cabeça, ligo a TV naquele filme de terror. 
Quando o riso bobo vier ao acaso, lembro daquele trabalho chato da faculdade pra fazer. 
Quando a música tocar, mudo de rádio.
Vale tudo, só não vale deixar o amor entrar e me fazer de boba. Vale até escrever no blog.
Vale tudo. Só não vale se apaixonar. 

Júlia Salomão


 

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